quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vale prepara sua entrada na produção de biodiesel

A companhia está debruçada sobre o projeto há pouco mais de um ano. Os estudos prevêem a produção de biocombustível a partir de palma, que será plantada na Região Norte.

A princípio, a Vale não tem pretensões de transformar este investimento em uma nova área de negócios. O objetivo prioritário é o autosuprimento de biocombustível para a sua frota de locomotivas, como forma de compensar as entregas da Petrobras.

Em 2007, a estatal assinou um contrato, no valor de R$ 11 bilhões, comprometendo-se a fornecer B20 para a mineradora. A Vale chegou, inclusive, a adequar suas locomotivas à nova mistura. No entanto, a Petrobras interrompeu a entrega de biodiesel no início deste ano, com a justificativa de que não havia acertado um contrato formal, mas apenas um compromisso de fornecimento.

O projeto desenvolvido pela Vale para a produção de biodiesel é uma dessas raras uniões entre economicidade e geração de benefícios sociais.

A empresa pretende adotar uma tecnologia revolucionária criada na Costa Rica. Por meio de modificações genéticas na semente, será possível limitar o crescimento da palmeira, fazendo com que ela tenha o equivalente à altura média de um homem – originalmente, algumas espécies chegam a atingir até 15 metros.

Esta técnica ajudará a reduzir o tempo de colheita e os custos operacionais. Além disso, o projeto vai criar um cinturão de inclusão social nas áreas rurais da Região Norte. A Vale deverá arregimentar uma significativa tropa de agricultores. A estimativa é de que o projeto gere aproximadamente nove mil empregos. Todos receberão títulos de propriedade de suas terras e garantia de compra da produção da palma.

O biodiesel não será o foco principal da Vale. Porém, dentro da própria companhia, há quem defenda que, além do autosuprimento, o combustível seja destinado também
para o mercado internacional.

As motivações são muitas. A empresa conta com toda a estrutura de logística necessária para a operação. O caminho para a Ásia, um dos mais importantes mercados consumidores de biocombustível, também está pavimentado. Não bastassem os históricos laços da Vale com o continente, há ainda a ligação com a Mitsui, presente no bloco de controle da companhia.

Relatório Reservado


Fonte Revista Biodiesel

terça-feira, 24 de junho de 2008

Conselho do Ministério Público defende o fim do MST

Estimados amigos e amigas do MST
Entidades de direitos humanos,
Parlamentares, cidadãos do mundo!
Vimos a vossa presença para lhes pedir solidariedade. Nosso movimento está sofrendo uma verdadeira ofensiva de forças conservadores no Rio Grande do sul, que não só não querem ver a terra dividida, como manda a constituição, mas querem criminalizar os que lutam pela reforma agraria e impedir a continuidade do MST.
Para tanto essas forças politicas que defendem na verdade poderosos interesses dos grupos economicos de empresas transnacionais que estão se instalando no estado para controlar a agricultura e os latifundiários, estão representadas hoje no governo da sra. Yeda Crusius, na Brigada Militar, no poder judiciário local e no poder do monopolio da midia.
Abaixo estamos enviando varios documentos ilustrativos, que, apesar de exigir um pouco de paciencia podem explicar melhor a gravidade da situação.
Hoje, dia 24 de junho, apresentamos a denuncia formal, junto a comissão de direitos humanos do Senado Federal que se deslocou até Porto alegre, especialmente para acompanhar a situação.
Segue o documento-denuncia do Dr. Leandro Scalabrini, nosso advogado. Segue a ata da reunião do Ministerio publico, e cobertura da imprensa local.

O que pedimos a voces?
a)Que enviem cartas de protesto para a Governadora Yeda Crusius, e ao procurador geral de Justiça, que é nomeado pela governadora e coordena o Ministério Publico Estadual.
Há em anexo um modelo de carta. Mas se preferirem, usem de vossa criatividade.
b) Que todas as mensagens enviadas a autoridades, nos enviem copias para
setor de direitos humanos do MST nacional dhmst@uol.com.br
e para setor de imprensa imprensa@mst.org.br
Muito obrigado, por tudo
Juvelino Strozake
Setor de direitos humanos
MST/ nacional

Repercussao na imprensa Porto alegre 24 de junho de 2008.

Senadores recebem denúncias de violência policial no RS

A violência de Estado contra os movimentos sociais foi tema da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, nesta terça-feira (24). No encontro, os senadores, os deputados federais e estaduais assistiram ao vídeo com treze atos de violência, agressão e repressão aos movimentos sociais. O deputado Dionilso Marcon (PT) relatou a violência e a brutalidade utilizada pelo comando da BM contra os manifestantes no dia 11 de junho, no Parque da Harmonia e em mais 12 eventos recentes. No relato, o comandante da BM declarou publicamente que os manifestantes eram baderneiros e o comando da BM impediu que prosseguissem até o Palácio Piratini, aonde ocorria uma grande manifestação contra a corrupção no governo Yeda.

O ponto alto da audiência foi a divulgação da ata do Conselho Superior do Ministério Público que deliberou a formulação de uma política de intervenção do MP pelo fim do MST, de suas escolas, pela investigação do Incra, da Conab e da Via Campesina. Em determinado trecho o MP indica a investigação e a criminalização do MST. O documento de três páginas sugere o impedimento de marchas, de deslocamentos dos agricultores, assim como a desativação de acampamentos. Também sugere o cancelamento do alistamento eleitoral dos agricultores sem terra nas regiões em conflito e a formulação de uma política oficial do MP com a finalidade de “proteção da legalidade no campo”.

Segundo o deputado Marcon a divulgação do documento do MP e as ações da BM comprovam que a Constituição Federal está sendo violada. Segundo ele, o documento descoberto pelos movimentos sociais aponta vários níveis gradativos de repressão: O primeiro, segundo a denúncia dos movimentos, seria a identificação, grampeamento telefônico e de mails de manifestantes, lideranças e de parlamentares; o segundo, com a prática de violência com o uso de gás e balas de borracha, tropas de choque, prisão de manifestantes; num terceiro e último estágio seria a proibição de existência legal de associações e a mudança na legislação penal.

Presente na audiência, o bispo de Santa Cruz do Sul , Don Sinésio Bohn afirmou que a Igreja está ao lado dos pobres, assim como Jesus Cristo o fez e que por isso estava ali junto dos trabalhadores. Os senadores receberam o documento com as denuncias e ficaram perplexos com as imagens de violência e com as declarações do comando da BM e da governadora sobre a operação no Harmonia.

A deputada Federal Maria do Rosário (PT) afirmou que o documento do MP sugere a suspensão da Constituição e de direitos fundamentais da cidadania e dos direitos Humanos.O MP deveria investigar os R$ 650 mil desviados pela Confederação Nacional da Agricultura que utilizou os recursos na campanha dos ruralistas da senadora Kátia Abreu”, destaca Rosário. Outro absurdo do documento do MP , segundo Rosário, é a sugestão de cancelamentos do direito de voto dos eleitores do MST nas áreas de acampamento. A coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Rio Grande do Sul divulgou nota oficial, na semana passada, denunciando as recentes ações da Brigada Militar e os argumentos utilizados pelo Ministério Público gaúcho para a execução do despejo de dois acampamentos no interior do Estado. Segundo a nota, “os métodos e argumentos do Ministério Público e da Brigada Militar ressuscitaram a ditadura militar no Rio Grande do Sul".

Fizeram parte da diligência o presidente da CDH, senador Paulo Paim, o senador José Nery, senador Flávio Arns, membros da CDH da Assembléia Legislativa do Estado e da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A programação será a seguinte:
9h- audiência com representantes dos movimentos sociais na Assembléia Legislativa do Estado; 13h - audiência com o comandante da Brigada Militar, Coronel Paulo Roberto Mendes; 14h – audiência com o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, José Francisco Mallmann.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ainda não é tarde demais, garantem especialistas

23/06/08

Rodrigo Zavala

Especialistas em sustentabilidade trouxeram à discussão opiniões pouco positivas sobre a consciência de empresas, governos e dos movimentos sociais a respeito do tema. Na reportagem O mundo é insustentável, os entrevistados mostraram que não há mais tempo a perder para evitar a exaustão dos recursos naturais do planeta ou mesmo para a degradação social de seus habitantes.

No entanto, no encerramento do Global Forum América Latina, realizado pela Federação de Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba, seus participantes foram mais otimistas. "O mundo está dizendo à tarde, mas a placa tarde demais não foi colocada ainda", afirmou o consultor em desenvolvimento organizacional e representante da organização Brahma Kumaris no Brasil, Ken ODonnel.

No evento, quase 1300 participantes foram motivados durante os três dias de atividades a pensar sobre ações em benefício de um mundo mais sustentável. O objetivo dos organizadores era a de gerar o máximo de proposições para a uma movimento radical, coletivo e sistêmico, que efetivamente gerasse a mudança que todos esperam chegar, mas falam em termos genéricos.

"É muito difícil do ponto de vista individual achar que conseguimos mudar isso. Mas, na caminhada, a força do seu propósito é o que vai fazer você romper o obstáculo. Salvar o planeta de si mesmo e a raça humana de sua ignorância é um propósito relevante", declarou Ken ODonell.

No fim do Fórum, os organizadores chegaram a uma lista de 80 tópicos para que o Brasil e os países do continente promovam o avanço da educação e formação de novos líderes e gestores, com foco, claro, na sustentabilidade.

"Construímos neste encontro de Curitiba a visto que queremos, a estratégica que nos anima e nos une. No segundo momento, vamos transformar essas proposições em propostas de ação efetiva", disse o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.

As propostas ainda em sistematização referem-se a introdução do conceito sustentabilidade nos currículos escolares, em todos os níveis, bem como a preparação dos educadores para o ensino da matéria. Houve também sugestões para tratamento tributário diferenciado para produtos sustentáveis, com certificação. Outra idéia é a inclusão, na lei de licitação, da exigência de que o fornecedor de produtos e serviços atue dentro de critérios socioambientalmente responsáveis.

Formação

Embora exista maior convivência dos jovens com o tema, seus comportamentos e valores ainda não estão alinhados com as propostas para um planeta mais sustentável. Da a preocupação dos participantes do Fórum com formação dos mais jovens.

A idéia de desconhecimento do público pode ser exemplificado por meio do trabalho dos universitários Giuliano Sorelli, 22 anos, e Carlos Canhisares, 25. Eles percorreram 12 universidades públicas e particulares para repercutir e estimular a discussão sobre o tema. Foram mais de 5 mil quilômetros rodados, de Porto Alegre (RS) a Brasília (DF), somando 9 estados.

Organizada pela Aiesec a organização estudantil mundial, a iniciativa recebeu o nome de Rota pela Sustentabilidade. "A porção que deveria se preocupar com a sustentabilidade fez pouco caso do assunto", avalia Sorelli. "Na maioria das universidades, principalmente as particulares, as pessoas não conheciam o tema e nem o significado da palavra", completa.

Em todas as visitas, a pergunta era: "Você se considera sustentável?". Nas respostas eles ouviram inúmeros "gostei muito de conhecer o assunto", "agora vou começar a pensar sobre isso", de acordo com Canhisares. No entanto, a maioria dos estudantes que mais se interessaram, segundo ele, já trabalhava ou estudava assuntos relacionados, como geografia, biologia ou economia.

Nesse contexto, a Associaçao Nacional dos Cursos de Gradua~ção em Administração (ANGRAD) vai propor ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a obrigatoriedade do ensino de responsabilidade social em todos os cursos de graduação em Administração do Brasil.

Segundo o presidente da entidade, Antônio de Araújo Freitas Júnior, é possível inserir nas diretrizes curriculares tornando obrigatório o ensino de responsabilidade social. "Cada escola poderá escolher o seu programa. O objetivo é sinalizar de alguma forma no nível de graduação ensino da responsabilidade social", afirmou Freitas, que é também diretor executivo da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Hora da a��o

Embora muitas das propostas elaboradas no F�rum pare�am gen�ricas, um dos pontos importantes a serem levantados � a incorpora��o desses preceitos nos h�bitos das pessoas e, assim, em seu meio. Tal como pensa o presidente do Painel Intergovernamental de Mudan�as Clim�ticas da Organiza��o das Na��es Unidas (IPCC), Rajendra Pachauri

�� necess�rio mudar nossos valores. Pensar sobre a imprescindibilidade do consumo, hoje, excessivo. As pessoas comem tanto e depois v�o para a academia queimar as gorduras. Isso n�o faz sentido�, afirmou.

Outro indiano, reconhecido como um dos mais influentes consultores de neg�cios do mundo, Ram Charam, acredita que a chave � ajudar as pessoas a usarem a mente. Ele listou o que chamou de princ�pios fundamentais para a inova��o social e a cria��o de redes sociais

Antes de repassar os seus dez princ�pios, Charan deu as bases, o ponto chave para que uma pessoa possa colaborar com o desenvolvimento sustent�vel de outra pessoa, de grupos ou de comunidades. "Toda pessoa pode fazer isso. A colabora��o n�o exige dinheiro, mas tempo, dedica��o, paix�o e tamb�m ferramentas espec�ficas", afirmou Charan, que � listado pela BusinesWeek entre as dez maiores fontes de programas de desenvolvimento de executivos.

1 � Defina a causa, a miss�o, quais os resultados que se pretende e como dimensionar esses resultados. "� preciso usar a mente e buscar resultados mensur�veis", explicou.

2 � Busque o comprometimento local. Identifique quem s�o as pessoas que podem se comprometer localmente com a causa.

3 � Converse com essas pessoas, dialogue com elas at� alcan�ar o consenso. A partir do consenso o interesse se intensifica.

4 � Neste ponto entram as empresas. As empresas podem usar a mente, o racioc�nio para projetar sistemas que permitam tornar um produto ou servi�o acess�vel, na base, por exemplo, de 1 d�lar. "N�o ter dinheiro � uma situa��o que for�a a inova��o", disse Charan.

5 � Projete um sistema. Mas � preciso ter em mente que o sistema s� vai funcionar se as pessoas executoras concordarem com esse sistema. Caso contr�rio, � preciso voltar ao di�logo.

6 � Identifique l�deres na comunidade. Pessoas de paix�o e confi�veis. Segundo Charan, nenhum grupo de pessoas ou comunidade alcan�a a sustentabilidade sem um l�der, seja ele eleito, indicado informalmente ou escolhido.

7- N�o busque a publicidade e o elogio pelo sucesso alcan�ado. "A satisfa��o pessoal n�o � medida pela publicidade da sua iniciativa", disse.

8- Mantenha reuni�es peri�dicas com pessoas de empresas, universidades, autoridades p�blicas. Estabele�a prioridades, mas n�o queira nunca abra�ar o mundo. Escolha tr�s prioridades, com base na sua causa, nos resultados e mensura��o dos resultados. Use palavras exatas, evitando conceitos e defini��es gen�ricas.

9 � Busque a criatividade do grupo envolvido no trabalho. � preciso identificar quais os recursos, em termos de criatividade, com que se pode contar para o desenvolvimento das a��es.

10 � Tenha em mente que a vida � a felicidade. Seja feliz e, mais importante, fa�a outras pessoas felizes.

Em seguida, Charan citou exemplos de iniciativas de inova��o social em diversos locais do mundo: como a da assistente social que ajudou uma menina indiana surda e muda a criar uma linguagem baseada em toques nas m�os, o que a retirou do isolamento e a conduziu ao desenvolvimento; a do empres�rio �rabe que criou um produto com pre�o acess�vel para pessoas pobres; a da banda musical de rapazes negros dos Estados Unidos, organizada a partir da lideran�a de um deles, que ultrapassou a barreira da pobreza com a dan�a e a m�sica.

Para o vencedor do Pr�mio Nobel da Paz de 2006, Mohammad Yunus, as solu��es podem ser encontradas por todas as pessoas, caso sejam dadas as oportunidades certas. O fundador do Grammen Bank, institui��o que disponibiliza cr�dito para a popula��o de baixa renda sem exigir garantias,

�Estou tentando resolver um problema de uma vila perto da universidade de onde eu era professor. Qualquer um pode descobrir solu��es e desenvolver id�ias para um mundo mais pac�fico�, disse durante o I F�rum de Comunica��o e Sustentabilidade, que aconteceu nos dias 11 e 12 de junho, em Bras�lia (DF).

sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Verdades e mentiras em torno dos biocombustíveis




Em meio ao grande volume de atenção que os biocombustíveis têm recebido da mídia, é difícil distinguir a percepção e a realidade.

Geralmente feitos de milho, cana-de-açúcar, soja e outros produtos agrícolas, os biocombustíveis para automóveis têm sido aclamados como uma panacéia que vai impedir a mudança do clima global, reduzir a dependência em relação aos combustíveis fósseis, assegurar a segurança energética e turbinar as economias agrárias.

Todavia, os biocombustíveis também sofrem denúncias dos críticos que afirmam que eles causarão mais danos ao meio ambiente do que benefícios e que não serão economicamente sustentáveis sem uma proteção governamental.

Para determinar quem está certo, falamos com dezenas de especialistas em organizações governamentais, corporativas, acadêmicas e sem fins lucrativos e revimos os estudos sobre o crescimento e a viabilidade do mercado de biocombustíveis. Baseados nesta pesquisa, exploramos a verdade das hipóteses predominantes a respeito tanto da promessa dos biocombustíveis quanto do seu impacto nos mercados e no meio ambiente.

Percepção: Substituir o petróleo por biocombustíveis vai reduzir substancialmente as emissões de gases causadores do efeito estufa.
Realidade: Pelo menos no curto prazo, os biocombustíveis oferecem benefícios mínimos em relação a esses gases.

À primeira vista, os biocombustíveis parecem deixar um rastro de carbono muito menor do que o petróleo porque as plantações voltadas à produção de energia (como todas as plantações) extraem carbono da atmosfera. Na verdade, estudos como o relatório "Biocombustíveis para o Transporte" de 2004 feito pela Agência Internacional de Energia indicam que a economia feita pelos biocombustíveis em relação aos gases do efeito estufa durante o seu ciclo de vida, varia de 20% com o etanol de milho, a 80% ou mais com o etanol da cana-de-açúcar ou etanol celulósico.

Contudo, a economia durante o ciclo de vida não leva em consideração o impacto da terra para agricultura que era, ou também se reverteria em pastagem ou floresta. Desmatar para converter a floresta ou a pastagem em plantações voltadas para a produção de energia resulta em um substancial depósito de dióxido de carbono () na atmosfera. Conseqüentemente, olhando para além no futuro, a esperança ambiental em relação aos biocombustíveis não é uma completa quimera.

Percepção: Os biocombustíveis não são economicamente viáveis como um substituto do petróleo.
Realidade: Os biocombustíveis oferecem uma alternativa competitiva ao petróleo.

Embora os custos equilibrados relativos às diferentes tecnologias para a fabricação dos biocombustíveis variem significativamente, no Brasil o etanol da cana-de-açúcar já é comercialmente viável. Hoje, mais de 85% dos carros vendidos no Brasil apresentam motores flex, e o etanol da cana fornece uma porção significativa do pool de combustíveis para veículos com base em seu mérito econômico.

Graças ao grande número de veículos flex, os consumidores podem optar pelo combustível que for mais barato, o que, em última análise, varia com base nos preços relativos do petróleo e do açúcar.

Globalmente, o etanol de milho ainda é muito mais caro que o petróleo e vai continuar sendo até que os preços do petróleo subam mais ou menos 20%.

O etanol celulósico, embora ainda esteja no estágio inicial de desenvolvimento, provavelmente vá se igualar ao petróleo quando aquele estiver em cerca de US$ 55 por barril sem incentivos do governo - cerca de metade do preço do petróleo agora.

Talvez o maior endosso aos biocombustíveis como uma alternativa economicamente viável ao petróleo tenha vindo da própria Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Abdalla El-Badri, secretário geral da Opep, mencionou em junho de 2007 que o consórcio estava considerando cortar investimentos em uma nova produção de petróleo, em resposta a movimentações por parte dos países desenvolvidos de criar e usar mais biocombustíveis.

Percepção: Os mercados globais de energia são tão vastos que os biocombustíveis não podem esperar alterar o equilíbrio do fornecimento e da demanda por petróleo.
Realidade: Se o fornecimento agrícola se expandir a taxas históricas, os biocombustíveis podem dar uma contribuição significativa ao pool de combustíveis para transportes, resultando em um super fornecimento de petróleo.

Embora os biocombustíveis sejam a melhor e mais econômica esperança por uma alternativa ao petróleo, a produção de biocombustível ainda representa menos de 1% da demanda global total por combustível. Todavia, se as melhorias agrícolas continuarem rápidas, os biocombustíveis podem finalmente se igualar ou superar as exportações atuais da Opep sem comprometer o fornecimento mundial de alimentos.

Com raras exceções, na última metade do século, avanços na reprodução de plantas, estudos do solo e uso de fertilizantes, gerenciamento da água, controle da ervas daninhas e de pestes e desenvolvimento da infra-estrutura têm aumentado a produção das plantações e a produtividade agrícola. A agricultura também produz mais alimentos usando menos trabalho, capital, químicos e terras.

Até 2030, estimamos que as produções das plantações vão aumentar cerca de 55% e que os preços das lavouras voltadas à produção de alimentos terão caído a aproximadamente metade dos níveis de 2005. A essa época, se as previsões em relação aos preços do petróleo feitas pela Agência Internacional de Energia estiverem corretas, esperamos que a produção de biocombustíveis se equilibre de maneira econômica entre 40 e 50 milhões de barris de petróleo por dia, ou cerca de 40% da necessidade global total. Se o suprimento agrícola aumentasse em metade dessa taxa, os volumes de biocombustível cairiam a mais ou menos metade desse nível.

Percepção: As plantações direcionadas aos biocombustíveis vão ocupar o lugar das lavouras destinadas à produção de alimentos, fazendo os preços dos alimentos subirem e o consumo de alimentos cair no mundo em desenvolvimento.
Realidade: Se a produção das plantações e a produtividade agrícola melhorarem a taxas históricas, os preços futuros dos alimentos não vão precisar ser mais altos do que são hoje.

Os críticos mantêm que ao longo do tempo a produção de biocombustíveis vai quase certamente ultrapassar a das lavouras destinadas aos alimentos, resultando em uma maior desnutrição em partes mais pobres do mundo, em particular. Esses argumentos são persuasivos, mas os biocombustíveis não podem ser responsabilizados pela aflição dos países em desenvolvimento em relação aos alimentos. Os fazendeiros nesses mercados já estão em desvantagem quando se trata de acessar as práticas agrícolas mais recentes e a informação sobre as melhorias na produção. Além disso, as políticas governamentais, a falta de infra-estrutura, a instabilidade política e importações mais baratas feitas dos Estados Unidos e da Europa deprimem mais as produções das plantações nessas áreas, fazendo com que os consumidores globais percam até 30% de sua produção agrícola potencial hoje.

Substituir o apetite por petróleo pelo gosto por biocombustíveis sem dúvida resultaria no consumo de recursos agrícolas substanciais. Entretanto, há uma terra não-irrigada adicional no mundo disponível para a produção agrícola, de acordo com a FAO (agência da ONU para alimentos e agricultura) e outras autoridades globais.

The New York Times

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Vídeo sobre o Seminário Economia Solidária, Soberania Alimentar e Agroenergia




O Seminário ocorreu no dia 8 de maio, no auditório do Teatro Marista na cidade de Maringá.

Veja também no you tube

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Os ricos perderam o medo dos pobres

Por Plinio de Arruda Sampaio

A alta dos preços dos alimentos veio para ficar. Conseqüentemente, estamos de novo diante da perspectiva de crises de fome aguda nos países mais pobres. Perspectiva semelhante, em 1975, deu lugar à Conferência Mundial da Alimentação, cujas propostas para evitar a repetição do fenômeno deram em nada.

Desta vez, os países ricos não se viram na necessidade de montar outra farsa como a de 1975. Em três dias, os chefes de 43 Estados reuniram-se em Roma e despacharam o assunto.

Ao pedido de 30 bilhões de dólares para enfrentar o problema, feito pelo diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), a resposta dos chefes de Estado foi assim: toma dez e não se fala mais no assunto.

O episódio é bem indicativo dos tempos que estamos vivendo: "os ricos perderam mesmo o medo dos pobres", escreveu Eric Hobsbawm, em 1989.

Podemos, portanto, preparar-nos para ver novamente nos noticiários da televisão o triste desfile de multidões de crianças famintas e de adultos esquálidos.

Contudo, convém ponderar que o resultado da reunião de Roma, salvo enquanto revelador da conduta dos países mais ricos do mundo diante de uma mortandade anunciada, não altera essencialmente a problemática da fome no mundo.

Se os chefes de governo, em vez de oferecer dez, tivessem oferecido os 30 bilhões solicitados pela FAO, o problema da fome seria temporariamente atenuado, mas não resolvido.

Para resolvê-lo, definitivamente, não basta comprar excedentes da produção dos países ricos e enviar comboios com alimentos para as regiões de fome aguda. Na lógica do capitalismo, isto pode ser até um bom negócio para as multinacionais do "agrobusiness".

Fome resolve-se com reforma agrária; planejamento agrícola; preços administrados; educação e saúde para a população do campo.

Qualquer avanço importante nesse terreno fere imediatamente os poderosos interesses dos grandes proprietários rurais e das multinacionais da agroindústria. Por isso, nenhuma dessas reformas sai do papel.

As classes populares ainda não têm força política para reformar a agricultura capitalista e menos ainda para propor um modelo socialista de desenvolvimento da agricultura.

Quem está, de fato, preocupado em solucionar a questão da fome não pode se iludir com os paliativos propostos nessas reuniões de cúpula e nem imaginar que a humanidade pode se ver livre do fantasma da fome dentro dos marcos do capitalismo. Basta atentar para o fato de que no país capitalista mais rico do mundo, o governo, a fim de garantir renda aos produtores, subsidia os agricultores que deixam de cultivar parte de suas terras. Pois, mesmo com esse enorme potencial de produção alimentar, graves deficiências nutricionais afetam porcentagem significativa de sua população e grandes filas de pessoas com fome formam-se diariamente nos "sopões" da caridade.

Fonte Correio da Cidadania

Paraná deverá produzir 250 milhões de litros de biodiesel até 2009

Até o final de 2009 o Paraná deverá produzir 250 milhões de litros de biodiesel. Essa estimativa será concretizada quando entrarem em operação as plantas industriais previstas, sendo que a maior delas será a da Petrobrás no município de Palmeira. O número de produtores que cultivam oleaginosas para produção de biodiesel, hoje em torno de 1 mil, deverá avançar para cerca de 30 mil, prevê o coordenador do Programa Paranaense de Bionergia, Richardson de Souza.

As informações foram anunciadas no seminário “Ações do Iapar no Programa Paranaense de Bionergia”, realizado terça-feira (28/5) na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em Curitiba. No Paraná, o programa de bioenergia visa inserir a agricultura familiar no cultivo de oleaginosas para que seja uma opção de renda segura na propriedade.

Durante o seminário, o presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), José Augusto Pichetti, entregou ao secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, os resultados dos trabalhos do Iapar sobre zoneamento agrícola que já está em vigor para o amendoim e para o girassol.

As duas maiores plantas industriais previstas no Paraná são da Petrobrás, no município de Palmeira, e da Agrenco, em Marialva. Outras empresas de menor porte, como Biolix, Biopar e Big Franco já estão instaladas no município de Rolândia.

A fase mais importante para a introdução de novas alternativas de plantio e de renda é o zoneamento agrícola, porque reduz as perdas da cultura em decorrência de problemas climáticos, disse Bianchini. A partir desses trabalhos a Secretaria e a Emater começam a trabalhar com a organização dos agricultores para a produção de oleaginosas com alto teor de óleo para produção do biodiesel. “Estamos semeando uma base sólida e importante para compatibilizar a produção de biocombustível que não seja competitiva com a segurança alimentar”, frisou.

“O desafio é compatibilizar a produção de oleaginosas para a produção de biodiesel sem competir com a produção de alimentos”, disse Bianchini. O secretário destacou a importância da substituição de fontes energéticas, que pode indicar o caminho para a agricultura ser menos dependente de energias não renováveis.

Para o diretor da Copel, Luiz Antonio Rossafa, o trabalho apresentado pelo Iapar é fundamental para orientar a produção e não levar nenhum produtor ou investidor a uma aventura desastrosa. Magron, do BB, destacou que o zoneamento agrícola para novas oleaginosas viabiliza o acesso ao crédito agrícola e do Pronaf para os pequenos agricultores.

Segundo o diretor técnico do Iapar, Arnaldo Colozzi, as culturas que estão em estudo no Paraná para produção de biodiesel são o amendoim, girassol, nabo forrageiro, colza, mamona e tungue. O girassol e o amendoim já estão com o zoneamento agrícola aprovado e a mamona, em fase de aprovação. Para Colozzi, o ideal é disseminar o cultivo dessas oleaginosas em áreas menos nobres, com dificuldades para o plantio de culturas alimentares. O objetivo da pesquisa é proporcionar opções de cultivo de oleaginosas o ano inteiro.

Fonte Biodiesel.com

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Renegociação da dívida agrícola intensificará transferência de recursos ao agronegócio

Por Gabriel Brito e Valéria Nader

Na semana em que o governo federal anunciou um pacote recorde de renegociação da dívida do setor agrícola nacional,no valor total de 75 bilhões de reais, muito se proclamou que tais medidas, viabilizadas pela assinatura da Medida Provisória 432, dariam novo fôlego ao setor e permitiriam ao país superar sua crise na produção, além da realização de novos investimentos na área.

No entanto, em entrevista, o professor do departamento de geografia da USP Ariovaldo Umbelino considera que todas as medidas servem apenas para refinanciar os grandes produtores, pois são estes os verdadeiros grandes portadores da dívida, já que os pequenos são responsáveis por no máximo 5% dos débitos renegociados. Além do mais, de acordo com Umbelino, a própria medida em si atesta a incapacidade do agronegócio brasileiro em se sustentar de forma competitiva sem subsídios governamentais, como ocorre nos países desenvolvidos.

Como você avalia a renegociação da dívida agrícola proposta pelo governo, através da Medida Provisória 432?

Ariovaldo Umbelino: Antes de qualquer coisa, devemos entender estruturalmente essa questão da dívida rural brasileira. Não é a primeira vez que acontece isso. A primeira grande renegociação foi em 1996. Depois, foi repetida em 2000, quando o Fernando Henrique fez a securitização de parte dessas dívidas, e em 2003 e 2004, quando outras negociações também se realizaram.

Todas elas revelam que, na realidade, a agricultura capitalista, dentro do bojo das políticas neoliberais, não tem nenhuma possibilidade de se desenvolver e se realizar sem subsídio público ou governamental.

O que a renegociação mostra é exatamente a falência da política neoliberal voltada à agricultura. Em todos os países desenvolvidos do mundo - EUA, Japão, os europeus -, a agricultura é fortemente subsidiada, pois, de uma maneira geral, os preços agrícolas até esse ano sempre foram descendentes em relação aos produtos industriais consumidos pela agricultura, sempre ascendentes por sua vez.

Na verdade, esse papel da agricultura como produtora de alimento barato para os trabalhadores - que de preferência precisam receber salários baixos a fim de permitir altos lucros aos empreendedores em geral - revela a necessidade do subsídio público. Esse é o primeiro ponto a ser destacado.

O segundo é que vai por água abaixo aquela máxima do agronegócio brasileiro, a de que eles são competitivos e capazes de competir com a produção agrícola de qualquer outro lugar do mundo. No entanto, a verdade é que a agricultura brasileira, de forma indireta e através desta renegociação, revela que também é subsidiada. É evidente que nesse bojo entram os grandes, mas também fazem parte os médios e pequenos produtores, sobretudo aqueles provenientes da reforma agrária.

Portanto, a renegociação revela esse lado da crise e sinaliza que daqui a quatro, cinco anos ela terá de ser feita novamente. Os pequenos não têm como fazê-lo e os grandes simplesmente se habituaram a não pagar, pois sabem que o governo cede e que possuem uma forte base parlamentar de pressão, que obviamente é posta a reivindicar tais tipos de renegociação.

No atual momento, em que o país se beneficia, ao menos economicamente, do mercado de commodities, essa renegociação não é inoportuna?

AU: Os capitalistas nunca querem pagar nada ao Estado. Nem imposto, nem empréstimos, nada. Então, essa postura ‘anti-pagamento’ é comum entre os setores das elites brasileiras, que sempre transferiram à União os custos de seus investimentos. A base do enriquecimento das elites sempre se fez na apropriação do fundo público, como muito bem estudou o professor Chico de Oliveira. Sendo assim, é uma prática cotidiana do setor empresarial brasileiro, sobretudo dos que são ligados à agricultura. Esse é o principal ponto que enxergo.

De qualquer forma, se olharmos a MP 432 que o governo encaminhou ao Congresso e que já foi aprovada pela Câmara dos deputados e pelo Senado, poderemos conferir que, na parte que trata dos objetivos da lei, eles justificam que haverá redução dos encargos por inadimplência incidentes em prestações vencidas e não pagas.

Veja só. Eles não pagam e o governo ainda reduz o imposto, que tem a ver com os juros sobre essa dívida não paga e que não pertence somente aos devedores das parcelas futuras. Há ainda a concessão de prazo adicional, redução das taxas de juros das operações e concessões de desconto para liquidação de dívidas. Ou seja, reduzem os encargos, os juros e ainda dão desconto para pagarem.

Portanto, trata-se de uma ação que fortalecerá o caixa do agronegócio. Por exemplo, um dos descontos, esse para liquidação de dívidas que vencem em 2008, 2009 ou 2010: se aqueles que devem mais de 200 mil reais pagam o débito em 2008, a dívida sofre 15% de desconto. E, como se não bastasse, depois há a bonificação, que pode chegar a 35% de desconto sobre o que deve ser pago mais um bônus de 6.000 reais.

Quer dizer, há um conjunto de ações que representam transferência de recursos públicos para o caixa do agronegócio.

Pudemos ver que a mídia e o governo têm ressaltado que essa medida beneficiaria 1,8 milhão de pequenos produtores. O que você diria sobre isso?

AU: Pois é, esse 1,8 milhão de contratos de pequenos produtores na realidade envolvem um total de apenas 3 bilhões de reais da dívida. Ou seja, a verdade é que os pequenos são os únicos que pagam, os mais adimplentes. E o número de pequenos produtores inadimplentes gira entre 3% e 5%. Portanto, a dívida não é dos pequenos. Estes sempre são utilizados como bode expiatório para refinanciarem e perdoarem as dívidas dos grandes.

O que de fato está em jogo é a enorme diferença entre os 73 bilhões de reais em dívida que pertencem aos grandes e médios produtores e os 3 bilhões que pertencem aos pequenos.

Ressalta-se ainda o aspecto de que a renegociação vai incidir no combate à crise dos alimentos.

AU: É curioso, pois até agora o governo dizia que o Brasil não passava por crise de alimentos, que estava imune. Porém, a MP evoca exatamente o cenário de crise nacional, e que, então, o refinanciamento da dívida seria uma contribuição.

Há ainda um terceiro objetivo, que diz: "o esforço do governo federal, além de visar a recuperação da renda agrícola e o retorno de recursos públicos esterilizados e onerosos para o novo período, pode ser entendido no campo das relações internacionais como contribuição da sociedade brasileira no sentido de ampliar a oferta mundial de alimentos".

Quer dizer, o povo brasileiro paga para que o mundo tenha comida mais barata. É o fim da picada.

Mas existiria algum mínimo benefício no controle da crise interna?

AU: Na realidade não vai mudar absolutamente nada. Aprovadas as medidas, os produtores vão aos bancos aos quais devem e repactuam tudo. O que acontece com eles? Hoje, são inadimplentes; com a repactuação, tornam-se adimplentes. Ou seja, saem da condição de devedores e ainda estão livres para fazerem novas dívidas, pois é isso que acontecerá. Farão novos empréstimos e não pagarão, como fizeram em todos os casos anteriores, já que sempre dizem estar sem condições. A rigor, nada mudará.

Fonte Correio da Cidadania

terça-feira, 10 de junho de 2008

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Por que estamos mobilizados
Queremos produzir alimentos
Contra o agronegócio e em defesa da agricultura camponesa

O atual modelo econômico, baseado no agronegócio e no capital financeiro, quer transformar os alimentos, as sementes e todos os recursos naturais em mercadoria para atender os interesses, o lucro e a ganância das grandes empresas transnacionais.

Para isso, esses grupos econômicos se apropriam de terra, águas, minerais e biodiversidade, privatizando o que é de todos. Além disso, desmatam as florestas e deterioram os solos com a monocultura. Também aumentam a exploração dos trabalhadores, precarizam, retiram e desrespeitam os direitos trabalhistas, causam desemprego, pobreza e violência.

Dessa forma, o agronegócio promove a concentração da riqueza nas mãos dos mais ricos, especialmente banqueiros e empresas transnacionais, enquanto aumenta a desigualdade e a pobreza da população. É necessário e urgente combater essa lógica opressora e destrutiva, que apresentamos nos seguintes pontos:

I - Denunciamos

Denunciamos o atual modelo agrícola por que:

1. Favorece os interesses das empresas transnacionais, que compõem aliança com os latifundiários para controlar a nossa agricultura e obter grandes lucros na produção e comercialização dos alimentos e na venda das sementes e insumos agrícolas.

2. Prioriza o monocultivo em grandes extensões de terras, que afeta o meio ambiente, deteriora os solos e exigem o uso grandes quantidades venenos.

3. Estimula a monocultura de eucalipto e pínus, que destroem a biodiversidade, causam poluição ambiental, geram desemprego e promovem a desagregação social das comunidades camponesas, indígenas e quilombolas.

4. Incentiva a produção de etanol para exportação, promovendo a ampliação do plantio da monocultura da cana-de-açúcar e, conseqüentemente, causando a elevação dos preços dos alimentos e a concentração da propriedade da terra por empresas estrangeiras.

5. Difunde o uso das sementes transgênicas, que destroem a biodiversidade, eliminam as nossas sementes nativas, podem causar danos à saúde dos camponeses e consumidores de alimentos e transfere para as transnacionais o controle político e econômico das sementes.

6. Promove o desmatamento dos nossos biomas, de modo especial da floresta amazônica e do cerrado, e a destruição dos babaçuais, através da expansão da pecuária, soja, eucalipto e cana, juntamente como a exportação de madeiras e minérios.

II- Somos contra

As transnacionais, os latifundiários e um grupo de políticos, partidos e parlamentares que defendem interesses econômicos e querem aprovar projetos que vão piorar ainda mais esse quadro e, por isso:

1. Somos contra a lei de concessão das florestas públicas, que significa a privatização da biodiversidade, e o projeto de lei nº 6.424/05, que reduz a área da reserva legal da Amazônia de 80% para 50%, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

2. Somos contra a Medida Provisória nº 422/08, que legaliza áreas de até 1500 hectares, invadidas por latifundiários na Amazônia, quando a Constituição determina apenas até 50 hectares.

3. Somos contra a Medida Provisória que desobriga o registro em carteira até três meses de trabalho. Condenamos a existência impunemente do trabalho escravo, da exploração do trabalho infantil e da falta de garantia aos direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores rurais.

4. Somos contra o Projeto de Emenda Constitucional nº 49/06, que propõe diminuir a extensão da faixa de fronteiras para beneficiar empresas transnacionais e grupos econômicos internacionais, de autoria do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) .

5. Somos contra o projeto de transposição do Rio São Francisco, que visa apenas beneficiar o hidronegócio e a produção para exportação e não atende as necessidades das populações que vivem na região do semi-árido nordestino.

6. Somos contra a privatização das águas, que passam a se monopolizadas por empresas transnacionais como Nestlé, Coca-Cola e Suez.

7. Somos contra o atual modelo energético, baseado na construção de grandes hidrelétricas - principalmente na Amazônia -, que entrega o controle da energia às grandes corporações multinacionais e favorece as grandes empresas que mais consomem energia.

III - Defendemos

Estamos mobilizados e vamos lutar para mudar essa realidade. Por isso, queremos:

1. Construir um novo modelo agrícola, baseado na agricultura camponesa, na Reforma Agrária, na distribuição de renda e fixação das pessoas no meio rural.

2. Combater a concentração da propriedade da terra e de recursos naturais, fazendo uma ampla distribuição dos latifúndios, com a definição de um tamanho máximo para a propriedade da terra.

3. Garantir que a agricultura nacional seja controlada pelo povo brasileiro, assegurando a produção de alimentos, como uma questão de soberania popular e nacional, incentivando as agroindústrias cooperativadas e o cultivo de alimentos sadios.

4. Diversificar a produção agrícola, na forma de policulturas, respeitando o meio ambiente e usando técnicas de produção da agroecologia.

5. Preservar o meio ambiente, a biodiversidade e todas as fontes de água, com atenção especial ao Aqüífero Guarani, combatendo as causas do aquecimento global.

6. Desmatamento zero na Amazônia e nos demais biomas brasileiros, preservando a riquezas naturais e usando os recursos naturais de forma adequada e sustentável, em favor do povo. Defendemos o direito coletivo da exploração dos babaçuais.

7. Preservar, difundir, multiplicar e melhorar as sementes nativas, dos diferentes biomas, para garantir o seu acesso a todos os agricultores.

8. Lutar pela aprovação imediata da lei que determina expropriação de todas as propriedades com trabalho escravo e a instituição de pesadas multas aos latifundiários que não cumprem as leis trabalhistas e previdenciárias.

9. Exigir a implementação da política proposta pela Agência Nacional de Águas, que prevê obras e investimentos em cada município do semi-árido, necessárias para resolver o problema de água da população da região.

10. Impedir que a água se transforme em mercadoria e garantir seu gerenciamento como um bem público, acessível a toda a população.

11. Assegurar um novo modelo energético que garanta a soberania energética, que priorize o desenvolvimento de todos, utilizando o uso racional da energia hidráulica em pequenas usinas, com a produção de agrodiesel e álcool pelos pequenos agricultores e suas cooperativas.

12. O governo federal deve autorizar o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a retomar a regularização, com maior celeridade, de todas as áreas pertencentes aos quilombolas.

13. Promover a demarcação imediata de todas as áreas indígenas e expulsão de todos os fazendeiros invasores, em especial da Raposa Serra do Sol e das áreas dos guarani no Mato Grosso do Sul.

O governo Lula precisa honrar os compromissos assumidos para a realização da Reforma Agrária, cumprindo seu programa político, assinado em julho de 2002, assentando imediatamente todas as famílias acampadas e construindo no mínimo 100 mil casas por ano no campo para evitar o êxodo rural. A nossa luta é pela construção de uma sociedade justa, com igualdade e democracia, onde a riqueza é repartida com todos e todas.

VIA CAMPESINA
ASSEMBLÉIA POPULAR

sábado, 7 de junho de 2008

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DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ ?
Publicado no dia mundial do meio ambiente - 5 de junho


"O que está acontencendo? Estamos assistindo ao fim do mundo e fazendo só isto? Cadê os homens e mulheres valentes? Onde estão a honra e a coragem? Não iremos lutar mais por nosso futuro? O MUNDO ESTÁ ACABANDO, ESTA FERIDO, SANGRANDO.. Cadê os rios limpos e seus peixes? E os passáros, sapos e grilos que até agora cantavam? E os mares com as baleias, botos, peixes-bois e toda sua vida? Onde estão as matas e as florestas? Destruiram toda a vida que Deus nos deu. Vamos ficar de braços cruzados?"


O parágrafo acima, citado por Daniel, do Instituto iBiosfera, remete-nos a questionamentos internos em busca de explicações do porquê - ou porquês - da destruição da natureza que continua após quase 20 anos de eventos, planos, projetos, promessas e metas medíocres que são realmente atingidas, porém que minimamente satisfazem as grandes e intensas necessidades de transformações. Há uma característica psicológica no ser humano que provavelmente possa explicar esta crescente letargia. Trata-se do acomodamento a situações indesejadas através de mecanismos de esquecimento. Em massa, as pessoas esquecem-se como era antigamente. Como em suas infâncias brincavam com a água cristalina que escorria das bicas das minas, enquanto sabiás e dezenas de outros pássaros cantarolavam animadoramente nos bosques ao redor. E isso tudo acontecia bem próximo, nos arrabaldes das cidades. Nos dias de hoje estas cenas são raras.

Uma inexplicável força de acomodação faz com que as pessoas se esqueçam dos encantos da natureza para trocá-los pelos atrativos dos enfeites, brinquedos e utensílios mecanizados, informatizados e robotizados. Para onde vai a nossa civilização? Para onde se dirigem os jorros desta onda de irrefreiável crescimento promovida pela ciência, pela tecnologia, pela indústria e pelo comércio, porém alimentados pela gana desmedida de facilidades, confortos e curiosidades intelectuais das massas? Só parece haver um destino final para esta fatídica caminhada: Um permanente distanciamento dos humanos de sua origem biológica, de sua dependência a antigas e imutáveis leis de inter-relacionamento, e até mesmo de sua integração cósmica. Estes são valores cultivados por muitos, pois significam nossas bases, nossas origens, nossos ciclos evolutivos e, portanto, deveriam significar a nossa salvação e todas as nossas metas futuras. Entretanto a realidade não nos demonstra esta tendência. Prova-nos, sim, o contrário. Tudo sinaliza e alerta que a civilização dos homens se distanciará tanto de suas características originais que poderemos visualizá-los como "extraterrestres" em seu próprio planeta.

Compensa, então, tentar barrar esta gigantesca força que conduzirá, afinal, os homens ao seu máximo desenvolvimento, mesmo que este estágio pressuponha a perda de suas bases e características primárias, além de toda transformação deletéria que necessariamente suas atividades imporão ao meio ambiente e às outras espécies de vida ? Quem conclui que compensa, então é só seguir os passos da maioria que desfruta dos recursos tecnológicos atuais e que torna tímidas e simbólicas as ações de "preservação ambiental", de "tecnologias limpas", de "desenvolvimento sustentável", especialmente quando responsabilizados e concretizados por governos, empresas, escolas ou outras regiões e outros povos. Esta forma é mais uma das tramas urdidas pelas mentes individuais e coletivas para fazerem as pessoas esquecerem-se de seu passado e considerarem que no presente tudo está bem.

Os indivíduos sensíveis e despertos que se previnam deste engodo, que se inicia dentro deles mesmos. Porém, se muitos não são portadores desta sensibilidade e deste despertamento, então que se embalem no otimismo gerado pela planificação e pela concretização (?) dos tímidos e simbólicos projetos defensores do meio ambiente. "As ciências exatas caminham a passos largos e encontrarão soluções para tantos desequilíbrios provocados pelas crescentes ações humanas"..."As ciências humanas estão, agora, a entenderem os povos e seus problemas de uma forma holística e suas soluções sistêmicas possibilitarão a tão almejada Idade do Ouro - mito platônico -, quando haverá perfeita distribuição de rendas e a justiça social será alcançada....". "Há que se ter otimismo em relação a este modelo. Ele deixa que nossos desejos tecnológicos se expressem, mesmo que de maneira limitada ou controlada. Um dia a civilização será completamente evoluída e olharemos para o século XXI como agora olhamos para a antiguidade. Porque não apostar nesta proposta e neste caminho, que é o da maioria, e que é uma expressão peremptória da própria natureza humana?"

Os que concluirem que o outro extremo é a melhor opção, então que arregacem as mangas e comecem a trabalhar, verdadeiramente, para uma radical possível transformação no seio da sociedade. E este trabalho, necessariamente, inicia-se pela transformação de seus próprios valores, costumes, padrões e estilos de vida. Que eles deixem as infladas cidades para os que lá desejarem sucumbir e armem suas barracas em prados verdejantes, em ilhas formosas ou nas cercanias de frondosas florestas. Que suas vidas sejam simples, assim como são simples todas as belezas da vida. Que em vez de vivenciarem 98% de seus desejos tecnológicos e somente 2% de suas afetividades bucólicas, que dêem franca vazão a seus desejos e impulsos pelas belezas da natureza e pelo prazer provindo de ações que realmente os harmonizem com as outras vidas e o meio ambiente. Difícil ? Utopia ? Vale a pena tentar?

É mais provável que a tendência e a força irresistível dos primeiros - os que querem o desenvolvimento acelerado e a todo custo - não permitirão que o cenário humano se transforme de maneira, para eles, tão radical. No entanto, parece compensador, desde que influências positivas moldarão mais convenientemente o mundo daqueles, e estes - os que preferirão preservar valores e formas originais - terão a oportunidade de criarem um outro mundo, só para si, lindo, esplendoroso....mas isolado fisicamente do mundo tecnológico dos primeiros.

Só resta uma dúvida : - O afã desenvolvimentista (sustentável ou não) dos primeiros não iria aumentar os riscos de uma inviabilização deste dois mundos? Qual é a sua posição ? Há posições intermediárias aproveitáveis que não signifiquem outras sutis estratégias psicológicas para falsearem um modelo impossível de relação entre o homem e a natureza? De que lado você está? Do lado dos que consideram que tudo corre muito bem e que as soluções virão, ou do lado que consegue perceber a capciosa e malévola destruição dos encantos da natureza ? Lembra-se que, por todos os recantos, milhares de pássaros cantavam, milhares de animais e aves deslumbravam-se com as águas cristalinas dos rios, quando os ventos eram suaves e puros e quando os peixes, os pássaros, os sapos, os grilos, as baleias, os botos, os peixes-boi, as matas e as florestas vicejavam vida por todo o mundo? Lembra-se?.... Ou continua a achar que tudo está normal? O mundo que nós conhecemos e que foi o berço de nossas origens está acabando ou iremos preservar o pouco que conseguirmos em zoológicos, em bancos de sementes e em parques florestais, e depois curtiremos à vontade todas as novidades oferecidas pela inteligência humana? Você quer seguir os passos da maioria que decididamente criará um mundo altamente tecnológico e injusto - uma verdadeira base de predadores extraterrestres na Terra? Ou dedicará o seu esforço para a criação de um outro mundo, harmonioso e justo, onde a ciência e seus recursos serão usados de maneira realmente possível, e em harmonia com as leis naturais e com respeito e convivência simpática a todas as formas de vida ? De que lado você está ?!!

Luiz A. V. Spinola, maio/2008


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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Aprovadas novas regras para financiamentos do Pronaf

O Banco Central aprovou novas regras de acesso ao crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para a safra 08/09, que entrarão em vigor a partir do dia 1º de julho. No Paraná, essas alterações são bem vindas porque reduzem os juros, simplificam e permitem mais flexibilidade nos financiamentos para o agricultor familiar, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini.


De acordo com o secretário, estima-se que 336 mil propriedades da Agricultura Familiar existentes no Estado serão beneficiadas por essa nova modalidade de financiamentos. São propriedades com área de até 50 hectares, que produzem arroz, feijão, milho, mandioca, soja, frutas, hortaliças, leite, aves, suínos, entre outras atividades típicas da propriedade de base familiar.

Até agora, os financiamentos do Pronaf no Paraná para a safra 07/08 somam um total de 110 mil contratos e R$ 622 milhões já liberados. As mudanças aprovadas pelo BC reduzem as taxas de juros que caem dos atuais 3% a 5,5% nos financiamentos de custeio e 2% a 5,5% nos financiamentos de investimentos para 1,5% a 5% e 1% a 5%, respectivamente.

Em relação aos bônus de adimplência, concedidos quando o agricultor quita os débitos, eles serão mantidos caso o produtor opte pela continuidade da atual regra e não tenha utilizado o limite permitido.

De acordo com Bianchini, o novo modelo de Pronaf cria mais facilidades e desburocratiza o programa, se adequando mais às necessidades dos agricultores para a possibilidade de um crédito que permite ao agricultor escolher um crédito de maior ou menor valor, o que vai determinar sua adequação às diferentes taxas de juros.

A partir de agora, de acordo com a linha de crédito as taxas de juros serão diferenciadas de acordo com o empréstimo feito. “Qualquer agricultor familiar poderá apertar seu orçamento para mais ou para menos dependendo do tamanho do crédito e do investimento feito. Ou, então, poderá optar por um crédito mais simples, mais adequado ao seu planejamento”, explicou Bianchini.

Mais uma novidade está vindo por aí com o novo Pronaf, anunciou o secretário. Segundo ele, será o crédito sistêmico. Ao contrário do atual modelo em que o crédito é direcionado ao custeio ou investimento de determinado produto, a nova modalidade do Pronaf irá direcionar o crédito para o sistema de produção. “Será o crédito sistêmico para a Agricultura Familiar, que irá contemplar as diferentes atividades na propriedade familiar”, afirmou.

NOVO MODELO - As alterações aprovadas pelo BC acabam com os grupos C, D e E, ainda em vigor até 30 de junho de 2008. Essas letras determinavam o enquadramento dos agricultores de acordo com a renda, com limites de financiamentos e de juros definidos para cada grupo.

Assim, o agricultor do Grupo C, com renda bruta anual na propriedade até R$ 18 mil, tinha acesso a um financiamento de custeio de R$ 500,00 a R$ 5 mil. O agricultor do grupo D, com renda bruta de R$ 18 mil a R$ 50 mil, tinha acesso a financiamento de custeio até R$ 10 mil. E o agricultor do grupo E, com renda bruta anual de R$ 50 mil a R$ 110 mil, podia contrair financiamento de custeio até R$ 28 mil.

Agora, a liberação do crédito para financiamentos ocorrerá de acordo com a renda bruta declarada naquele ano. E os juros serão fixados de acordo com o valor do financiamento contraído naquele ano e não mais conforme o enquadramento anterior. Na nova modalidade os financiamentos contraídos pela Agricultura Familiar irão variar de R$ 5 mil a R$ 30 mil, e a taxa de juros irá variar conforme o valor financiado.

Essa alteração elimina o engessamento do financiamento para o agricultor familiar. Ou seja, se em ano de melhor renda o agricultor avançava de um patamar para o outro, depois quando ocorria frustração de safra não podia voltar ao nível anterior, para se beneficiar de uma taxa de juro menor.

Essa alteração permite que em ano de safra cheia, como está ocorrendo atualmente, o agricultor possa acessar mais crédito para financiar as atividades agropecuárias na propriedade. Em ano de frustração de safra, ele acessa um crédito menor com taxas de juros menor, explicou o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Francisco Carlos Simioni.

Para contratos de custeio:

Financiamento Taxas de Juros/ano

Até 5 mil 1,5%
De R$ 5 mil a R$ 10 mil 3%
De 10 mil a R$ 20 mil 4,5%
De 20 mil a R$ 30 mil 5,5%


Para contratos de investimentos:

Financiamento Taxas de Juros/ano

Até R$ 7 mil 1%
De R$ 7 mil a R$ 18 mil 2%
De R$ 18 mil a R$ 28 mil 4%
De R$ 28 mil a R$ 36 mil 5,5%


Fonte Agência Estadual de Notícias PR






Mundo precisa de mais alimentos


Roma — O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu que o aumento dos preços dos alimentos, se não for tratado de maneira adequada, pode afetar o crescimento econômico, o progresso social e inclusive a segurança política no mundo.

Ki-moon pediu um aumento drástico da produção de alimentos. Também o diretor-geral da FAO (agência da ONU para agricultura e alimentos), Jacques Diouf, afirmou que as conseqüências sociais e políticas da atual crise provocada pela alta mundial dos preços dos alimentos podem ameaçar a paz mundial. As advertências foram feitas ontem na abertura da conferência da FAO sobre a segurança alimentar em Roma, onde até amanhã dezenas de chefes de Estado discutem os biocombustíveis, as mudanças climáticas e a segurança alimentar no planeta.

Ki-moon afirmou que a produção de alimentos deve aumentar em 50% para atender às necessidades dos próximos 22 anos. Segundo ele, no planeta existem mais de 860 milhões de pessoas em situação de fome e miséria. Para ele, a população mundial deverá chegar a 7,2 bilhões de pessoas em 2016 e é preciso agir agora. O secretário estimou que serão necessários 30 bilhões de dólares (R$ 48,6 bilhões) para manter a segurança alimentar e evitar ameaças de conflitos no futuro. Ki-moon também pediu 'um maior grau de consenso internacional sobre os biocombustíveis'. Algumas vozes acusam esse tipo de combustível de contribuir para o aumento dos preços dos alimentos, já que são produzidos em alguns países a partir de vegetais combustíveis, como soja e milho.

Em sua intervenção, o presidente Lula rejeitou esses argumentos, considerando-os 'uma mentira fomentada por lobbies poderosos'. Lula responsabilizou o encarecimento dos transportes, devido à alta do petróleo, pelo aumento de preços. O Brasil é o segundo produtor mundial de etanol depois dos Estados Unidos, mas o faz à base de cana-de-açúcar. Em resposta aos apelos dos dirigentes mundiais, a Arábia Saudita se comprometeu a doar 500 milhões de dólares (R$ 810 milhões de reais) para o Programa Mundial de Alimentos. Já os EUA decidiram doar 5 bilhões de dólares (R$ 8,1 bilhões) ao longo dos próximos dois anos.

Fonte Correio do Povo

Lula culpa petroleiras por críticas ao etanol


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem (3/6) uma enfática defesa do etanol brasileiro e uma dura crítica aos subsídios dados aos agricultores de países desenvolvidos em discurso na reunião da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Lula apontou os subsídios agrícolas como um dos responsáveis pela recente alta nos preços dos alimentos e afirmou que a acusação de que a produção do etanol tem contribuído para esse fenômeno 'não resiste a uma discussão séria'. O argumento, segundo ele, é uma 'cortina de fumaça lançada por lobbies poderosos que pretendem atribuir à produção de etanol a responsabilidade pela recente alta do preço dos alimentos'.
O presidente afirmou que pouco se comenta sobre o impacto negativo do preço elevado do petróleo nos custos de produção e transporte de alimentos: 'Vejo com indignação que muitos dos dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão', disse, apontando aqueles que considera os culpados diretos pela recente campanha de difamação do programa brasileiro de etanol. Ele também abriu claramente sua diferença com o etanol americano, feito de milho, o que deverá alijar um dos poucos aliados brasileiros nessa área. 'Não sou favorável a que se produza etanol a partir de alimentos, como no caso do milho', disse.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que será preciso dobrar a produção mundial de comida até 2030 para suprir a demanda. 'O mundo precisa produzir mais alimentos', advertiu.

Fonte: Correio do Povo